terça-feira, julho 23, 2002






Radiohead em Lisboa: Absolutamente fabuloso


Filipe Rodrigues da Silva, Diário Digital

Fenomenal. Fantástico. Fabuloso. Único. Os Radiohead regressaram a Portugal na noite de segunda-feira, actuando no Coliseu de Lisboa para aquele que foi verdadeiramente o seu primeiro concerto em nome próprio em terras lusas. Dividido em duas partes, o espectáculo de duas horas e meia só deixou de fora o primeiro álbum da banda, marcou o regresso das guitarras e da electricidade a rodos, transbordou de emoção e teve o dom de mostrar os temas novos de forma coerente e cativante. Por isso, caso ainda não tenha um bilhete para um dos próximos quatro concertos no nosso país... implore, rogue, coloque-se de joelhos, convoque uma manifestação para a Portas de Santo Antão e ofereça seis vezes o preço original do bilhete por uma entrada para um desses espectáculos. A loucura vale a pena. É que pode perder um daqueles «concertos de uma vida».

Primeiro ponto: Além de grande banda, os Radiohead são extremamente inteligentes na escolha dos temas apresentados. Separaram as canções novas das restantes, dividindo o set em duas partes. A sobriedade - ora intimista ora informal - do jogo de luzes resultou de forma brilhante. E depois tocaram os clássicos... de forma extraordinária e eléctrica.

Segundo ponto: Foi extraordinário assistir a um espectáculo com um elevado grau de empatia e emoção como o que sucedeu no Coliseu do Lisboa. O público fugiu a lugares comuns e à histeria. Desfrutou o concerto com uma grande dose de adrenalina e um sorriso melómano estampado na face.

Terceiro ponto: Assistiu-se possivelmente ao concerto do ano em Portugal. E isso diz quase tudo sobre a prestação deste quinteto britânico.

Se no primeiro tempo as canções novas convenceram, festejaram o regresso das guitarras e do piano às composições e fizeram por momentos Thom Yorke reencarnar em palco a figura de Ian Curtis - com especial destaque para «Scatterbrain» e «We Suck Young Blood», bem como as geniais «Myxomatosis» e «A Punch At a Wedding» -, o melhor ficou guardado para a segunda metade da actuação.

Recuperando a faceta mais eléctrica do colectivo, os Radiohead aproveitaram o intervalo de vinte minutos para mandar o pós-rock para trás das costas e iniciaram a recriação dos temas de «Amnesiac» e «Kid A».

Primeiro com a sequência «I Might Be Wrong» e «Morning Bell» e depois com «You And Whose Army?», «Dollars & Cents» e «National Anthem». Pelo meio, dois momentos de natural celebração por parte do público: a recuperação de «Karma Police» e «No Surprises». Dois momentos emblemáticos de «OK Computer».

Depois com a recta final composta por «Pyramid Song», «Airbag», «Paranoid Android», «Ideoteque» e «Everything In Its Right Place» (aqui a recuperar os samples e ritmos electrónicos), durante a qual Thom Yorke mostrou estar visivelmente bem-disposto e satisfeito com a recepção tida, abeirando-se do público e entrando em diálogo directo com este.

Já com os fãs extasiados, o retorno para o encore recuperou o velhinho - mas nunca gravado - «Lift» (era uma das constantes das actuações de 1996 e 1997) e encorou em «The Bends», finalizando com nova visita a «Kid A»: «How To Disappear Completely».

De fora ficou o muito pedido «Creep» e em especial «Exit Music», um dos temas mais extraordinários da carreira dos Radiohead. Mas pode ser que os espectadores dos restantes concertos em Portugal os ouçam. O último destes temas estava inclusive incluído no encore alternativo. Teria sido um fecho inesquecível. Mas este foi por si só um concerto memorável.




salamandrine 13:29



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